Sem compromisso

Caio Lucas

 

 

Toco a campainha e vou entrando,
a casa me parece deserta,
a luz de um quarto, uma mulher,
a minha, com olhos de desejos
e seu delicioso corpo seminu
embrulhado em um roupão de seda.

 

 

Ninguém a vista, nenhuma alma,
meus olhos atravessam seus panos,
o tesão faz sua pele brilhar,
minha boca louca por um beijo,
o seu desejo é o prazer que perfuma,
sou louco, somos, as vestes caem...

 

 

Vejo apenas uma calcinha minúscula,
a transparência se faz intrigante,
seu corpo se mostra quente e provoca,
em segundos mostro-me excitado,
meu membro aparece protuberante,
atrevo deitando seu corpo sobre o tapete
e me arrasto livre sua pele nua...

 

 

Gosto abaixo e gosto do que sinto,
minha língua flutua lábios loucos,
deliciosos sabores se espalham
em um gozo frenético que grita louca,
na minha boca o prazer faz prazer,
e vou, dentro do corpo-alma sugando
até sentir seu meu gozo mais puro.

PUTA / SANTA

 Lilia Machado

 

Virei a mesa,

Chutei o balde,

Rodei a saia

Para ser tua.

A culpa é da hora

De tudo isso:

De musa pura

Ou pura puta,

Depende da hora

Para ser santa

E do recanto

Para ser puta.

Me transformo em puta,

Me converto em santa.

Depende da hora

E do recanto.

Quem não gostou do poema,

Que não o leia!

Mas não censure

A santa puta.

Censura é algo

Que denuncia,

Censurou?

Então é puta!

As incautas que me perdoem,

Mas trepar só na mente

É também ser puta.